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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Aromas...




O sol apontava timidamente por trás das coxilhas.Vinha mansinho, com um amarelo laranja de dar inveja.Espalhava preguiçosamente seus raios pela branca geada do descampado.
Um alvoroçado quero-quero levanta voa emitindo aquele conhecido barulho estridente único.
No manto verde das árvores os animais que ali construiram suas moradas ainda repousam na manhã gélida de inverno.O dia está nascendo aos poucos e o som de que ele está acordando é emitido a léguas de distância .Em suas casas as pessoas se remexem com preguiça em baixo das cobertas e entre um bocejo e outro lembram que têm que sair do refúgio gostoso longe do frio.O sol já lança seus raios com mais intensidade pelo descampado a ponto de aos poucos a geada começar a derreter.Na estreita sanga que corta o descampado e adentra mato afora os bezerros vêem beber de suas límpidas águas, e assim sucessivamente o resto da manada junta-se a eles.
Um cheiro gostoso de amanhecer se mistura com o Minuano gelado de Julho, soprando sem parar ele leva e traz aromas que confundem o olfacto.De manhã cheiro de amanhecer, terra molhada , mato, geada tudo misturando -se ao cheiro de café recém coado ,de mate recém cevado, coisa rara de se sentir e que torna-se inesquecível pra quem sentiu.
Ao meio dia com o sol no seu máximo de calor aquele cheiro de manhã se foi, levado pelo vento, que com ele trouxe o aroma de iguarias campeiras, feitas em fogo de chão e que agora são a alegria dos paladares apressados, que depois de se empanturrar um a um aproveitam para sestear nos pelegos dando uma de lagarto no sol de meio dia.
Quando o fim de tarde se aproxima e aos poucos o sol vai descendo no horizonte, o frio começa baixar juntamente com o sereno,úmido , cortante.Os animais começam a se recolher , nas casas as pessoas ascendem fogo nos fogões de lenha novamente.
E o minuano traz com ele agora o aroma da noite , aroma doce,de comida quentinha , de calor humano, de aconchego, aroma da geada que se prepara para deixar tudo branquinho novamente pelo descampado afora.O som da coruja ao longe demostra que a noite já caiu , no silêncio do mato só se ouve o correr da sanga, e nas casa com os lampiões já todos apagados , nem mais fumaça do borralho resta.Tudo dorme , envolvidos pelo manto noturno cochilam preguiçosamente.Embalados apenas pela orquestra de grilos, esperando só mais uma amanhecer na querência novamente.



(nanny)

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