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domingo, 25 de outubro de 2009

ABSTRACÇÃO

Numa tarde cinza escura
Sozinha e sem direção
Uma borboleta voa a procura
Quem sabe de proteção

Voa desorientada pelo vento
Sozinha apenas com seus devaneios
Procura algo no meio do tormento
Para satisfazer seus anseios

Voa pelo infinito
Voa lentamente
Com seu vôo sensual , bonito
Bate as asas docemente

Procura a flor perfeita
Para o pouso derradeiro
Mas tal flor eleita
Não existe em qualquer canteiro

Procura pelos jardins da vida
Procura já quase cansada
As vezes parece perdida
Esquecendo que já é madrugada

Em sua procura pungente
Já quase atordoada
Vê o sol já nascente
Trazendo a alvorada

Olha para o infinito algoz
Que não lhe mostra o correto caminho
Dentro do peito uma dor feroz
Que o dilacera cada dia um pouquinho

Bate suas asas sensualmente
Leve na brisa refrescante
Beija-flor passa alegremente
Por ela todo galante

Borboleta não desiste
Em sua busca pela perfeição
Sabe que ela existe
E está bem próxima de sua mão

Já ébria pelo cansaço voraz
Pousa sozinha e lentamente
Linda, leve , audaz
E acima de tudo paciente

Descansa nostálgica, imóvel
Sorri loucamente
Ao olhar o céu grandioso
Pois sabe que ainda há muito pela frente

Sabe que seu bem mais precioso
Com certeza vai encontrar
E que nada de malicioso
Sua busca vai estragar

Busca abstrata, distração de seus dias
Busca as vezes perigosa
Mas no caminho há muitas alegrias
E a vitória será majestosa

Na chuva no sol , de dia
De noite , na terra, no mar ,
No tormento , na angústia na alegria
Sabe que vai encontrar

Quando encontrar tal porto seguro
Saberá que o pouso será derradeiro
Que ali não estará mais no escuro
Que o aconchego é verdadeiro....

(nanny)



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